Luís Macedo Matoso, o Feitiço, nasceu em 29 de setembro de 1901, no bairro italiano do Bexiga, em São Paulo (SP), onde passou sua infância e juventude e também começou a jogar futebol.
Surgiu para o futebol jogando na equipe amadora do Ítalo Lusitano F. C., do bairro de Pinheiros. Em 1916, fez 52 gols na temporada da várzea paulistana.
No seu tempo, ao atacante de “estilo heróico” exigia-se muito mais do que heroísmo. Entrar numa área, para o combate direto com zagueiros violentos e implacáveis, era quase uma missão suicida, à qual só se expunham os centro-avantes mais corajosos. Feitiço tinha coragem e realmente se caracterizava pelo estilo heróico, mas não firmou seu nome apenas por ser um valente brigador na zona de choque. Manhoso, versátil, tão hábil no drible curto como nas arrancadas, tinha excelente colocação na área e cabeceava com maestria.
Passou a jogar na Segunda Divisão do futebol de São Paulo e continuou sendo o mesmo artilheiro da várzea, a ponto de ser apelidado de “El Tigre da Segunda Divisão”, numa alusão a Arthur Friedenreich.
Viria a ser, o maior goleador do futebol brasileiro daquele início da década de 20 e está hoje entre os maiores artilheiros da história do nosso futebol.
No dia 4 de junho de 1922, aconteceu a estréia de Feitiço no campeonato paulista, com a camisa azul e branca da A. A. São Bento. O adversário era o fortíssimo time do Palestra Itália (vice-campeão paulista daquele ano) e a derrota foi inevitável: 2 x 0.
Continuou sem marcar gol no jogo seguinte, novamente contra um forte adversário, o Corinthians (campeão de 1922), que venceu o São Bento por 1 x 0.
Mas, no terceiro jogo, em 15 de junho de 1922, contra o Internacional, Feitiço marcou três gols na vitória de 5 x 0.
Passou alguns jogos sem marcar mas, quando voltou a fazê-lo foi com destaque. No dia 15 de novembro, diante do Portuguesa/Mackenzie, outra goleada de 5 x 0 e desta vez quatro gols de Feitiço.
Um gol na vitória de 3 x 0 sobre o Paulistano, dois gols no empate de 2 x 2 com o Ypiranga e mais dois gols na derrota de 5 x 2 para o Sírio, passaram a chamar a atenção dos dirigentes do Palestra Itália, que queriam contratá-lo a todo custo. Só que ele já tinha dado sua palavra aos diretores da A. A. São Bento e quando tentou romper o compromisso com essa agremiação, conta-se que um dos diretores do clube, que era delegado de polícia, chamou o artilheiro na delegacia e ameaçou prendê-lo se ele não respeitasse a palavra empenhada. O jogador preferiu, então, permanecer no São Bento.
Veio o campeonato paulista de 1923 e Feitiço continuou confirmando a fama de grande artilheiro. O São Bento foi o quinto colocado entre oito times e marcou 34 gols. Destes, 18 foram de Feitiço, que se consagrou, pela primeira vez, artilheiro do campeonato paulista, tendo participado de 17 jogos. O maior destaque aconteceu na goleada do São Bento sobre a A. A. das Palmeiras, no dia 16 de setembro, por 9 x 1. Feitiço marcou cinco gols.
Nesse mesmo ano de 1923, Feitiço foi campeão brasileiro defendendo a seleção de São Paulo, que venceu a seleção carioca por 4 x 0, na final do dia 28 de outubro de 1923, com três gols de Tatu e um de Feitiço.
No campeonato paulista de 1924, o São Bento foi o terceiro colocado entre os onze times que disputaram a competição. Contribuiu para isso Feitiço ter-se tornado artilheiro do campeonato pelo segundo ano consecutivo, desta vez com 14 gols, quase metade do alcançado pelo clube (30).
Não pôde repetir o feito de sagrar-se campeão brasileiro defendendo a seleção paulista, pois a final, desta vez, foi vencida pelos cariocas, por 1 x 0, no dia 21 de dezembro de 1924. Dias antes, deixou sua marca na competição ao marcar um gol na goleada de São Paulo sobre o Paraná, por 5 x 0.
Em 1925, Feitiço integrou, por empréstimo, a equipe do Palestra Itália que realizou a primeira excursão internacional de sua história, jogando no Uruguai e na Argentina. Participou dos quatro jogos realizados. No dia 8 de março, no estádio Parque Central, em Montevidéu, marcou os dois gols do Palestra Itália na derrota de 3 x 2 diante de um combinado uruguaio. Uma semana depois, 15 de março, no mesmo local, nova derrota para o mesmo combinado uruguaio, por 1 x 0. No dia 19 de março, já em terreno argentino, mais precisamente no campo do Racing, o Palestra Itália foi derrotado pelo combinado argentino por 3 x 1, sendo o gol marcado por Feitiço. O Palestra Itália encerrou sua excursão no dia 22 de março, no estádio do Barracas, em Buenos Aires, empatando em 0 x 0 com o combinado argentino da Federação Amadora. Portanto, Feitiço marcou todos os gols do Palestra Itália.
Ao retornar ao seu clube, o São Bento, tornou-se, pela terceira vez consecutiva o artilheiro do campeonato paulista, com 10 gols. Gols estes que ajudaram ao São Bento a conquistar o campeonato paulista daquele ano pela primeira e única vez em sua história, com direito a marcar o gol da vitória sobre o poderoso C. A. Paulistano, de Friedenreich, na final do campeonato, no dia 8 de novembro de 1925.
No Brasileiro de Seleções, mais uma vez vencido pelos cariocas, disputou apenas três jogos, deixando a sua marca novamente contra o Paraná, quando marcou três gols na goleada de 6 x 1. Ficou de fora dos dois jogos da final contra a seleção do Rio de Janeiro.
No ano em que ocorreu a cisão no futebol paulista, 1926, com a criação de uma nova entidade, a Liga de Amadores de Futebol – LAF, e a realização de dois campeonatos paulistas (o outro foi o da APEA), São Bento e Feitiço tiveram atuações apagadíssimas em 1926. O São Bento foi o penúltimo (9º) colocado no campeonato da APEA, marcando apenas 9 gols e sofrendo 31 nos nove jogos disputados. Feitiço marcou apenas três gols.
Seu último jogo pelo São Bento aconteceria no dia 5 de setembro de 1926, sendo goleado pelo Auto Esporte por 5 x 0. O ano foi tão triste que o São Bento entregou os pontos (WO) de seu último jogo válido pelo campeonato paulista, contra o Santos.
Apesar do mal desempenho no campeonato paulista, foi convocado para a Seleção Paulista que disputou o Brasileiro de 1926.
Mesmo sem poder contar com os craques do Paulistano (que se filiou a LAF), São Paulo venceu o campeonato causando ótima impressão ao marcar 37 gols em 4 jogos (média superior a 9 gols por jogo). Muito contribuiu para o excelente desempenho do selecionado paulista um trio central magnífico formado por Heitor (6 gols), Petronilho de Brito (15) e Feitiço (7).
Essa superioridade fez com que o título de campeão brasileiro fosse recuperado pelo futebol paulista, com direito a vitória na partida final contra os cariocas, no Rio de Janeiro, por 3 x 2, no dia 7 de novembro de 1926. Feitiço marcou um gol na final.
Em 1927, após se desligar do São Bento, ficou mais de seis meses sem defender um clube, ganhando como prêmio dessa equipe uma carroça com a qual passou esse período trabalhando com ela, fazendo carretos e entregas em São Paulo.
No início de 1927, Feitiço conheceu o fundador do Santos, Antônio Araújo Cunha, que o convidou a ingressar no alvinegro praiano.
Feitiço estreou no Santos em 3 de abril de 1927. E começou bem, marcando um gol na vitória contra o Palestra Itália, em jogo amistoso realizado no Parque Antarctica, em São Paulo. O placar final foi de 3 x 2 e os outros marcadores santistas foram Camarão e Araken. A vitória valeu ao Santos a Taça “Cruz Azul”.
Feitiço encaixou como uma luva no ataque do Santos, formado ainda por Omar, Camarão, Araken e Evangelista. Com este ataque, o Santos surpreendeu a todos no certame da APEA com a marcação de cem gols em apenas dezesseis jogos disputados, média de 6,25 gols por jogo.
Ainda assim, ficou com o vice-campeonato, atrás do Palestra Itália. Feitiço participou de onze jogos e marcou impressionantes 30 gols, somente um a menos que seu companheiro de clube Araken, artilheiro do campeonato.
Mas nem tudo correu bem no ano de 1927. Neste ano, Feitiço integrava a seleção paulista no jogo decisivo do Campeonato Brasileiro, no Rio de Janeiro, contra os cariocas, no dia 13 de novembro. A partida estava empatada em 1 x 1 quando Bianco cometeu pênalti, assinalado pelo árbitro Ari Amarante. Houve contestação geral da equipe paulista. Um dos mais exaltados em atos de disciplina foi Feitiço. A discussão paralisou o jogo durante cerca de meia hora e, nem mesmo um pedido feito pelo então Presidente da República, Washington Luís, presente ao estádio de São Januário, fez com que os paulistas concordassem em aceitar a penalidade. Como a arbitragem se mostrou inflexível, a equipe paulista saiu de campo, enquanto Fortes batia o pênalti, dando a vitória e o título da temporada de 1927 para o Rio de Janeiro.
Diante do ocorrido, a CBD ameaçou eliminar aqueles jogadores do futebol brasileiro. Após o jogo, nos vestiários, Guilherme Gonçalves, presidente do Santos e da APEA, confirmou que dois já estavam eliminados (Tuffy e Feitiço).
Em meados de 1928, a CBD decidiu analisar pedidos de anistia em favor dos jogadores punidos e concedeu perdão a Amílcar, Pepe e Grané. Tentou perdoar também Tuffy e Feitiço, mas o Santos não consentiu. Porém, a CBD insistiu e forçou a APEA a dar anistia a todos e o Santos não teve outra alternativa senão a de liberar os dois jogadores para ingressarem nos clubes que lhes interessassem. Tuffy foi para o Corinthians e Feitiço preferiu se manter em silêncio. O Santos ainda tentou transformar a pena de Feitiço de eliminação para suspensão de dois anos, com o que não concordou a CBD.
Na verdade, a CBD estava simplesmente protegendo o atleta visando seus interesses. Ela precisava contar com os melhores jogadores da época, para formar seu selecionado que iria enfrentar, naqueles dias, a poderosa equipe escocesa do Motherwell.
No dia 24 de junho de 1928, Feitiço fez sua primeira partida com a camisa da Seleção Brasileira, marcando quatro dos cinco gols da vitória de 5 x 0 sobre o Motherwell, no estádio das Laranjeiras.
Foi por isso que Feitiço pôde voltar a jogar futebol em defesa do Santos. No seu retorno ao clube, no dia 8 de julho, o Santos goleou a Portuguesa de Desportos por 4 x 0, com um gol de Feitiço.
Ao final da temporada, o Santos ficou novamente com o vice-campeonato e Feitiço com o título de artilheiro da equipe, com 10 gols.
Feitiço não pôde disputar o Campeonato Brasileiro de 1928, que foi marcado por muitos desentendimentos fora e dentro dos gramados.
Dentre os principais acontecimentos do Campeonato Brasileiro de 1928 se destacou o da ausência da Seleção de São Paulo. Os dirigentes da A.P.E.A. já não concordavam com o paternalismo da CBD, que continuava marcando o jogo final para o Rio de Janeiro. A proposta dos paulistas era a realização de uma melhor de quatro pontos, em jogos nas sedes dos Estados que se classificassem para a final. O ultimato dos paulistas foi firme, e diziam eles que enquanto essa fórmula não fosse posta em vigor eles não participariam do campeonato brasileiro.
O presidente da CBD, Renato Pacheco, prometera estudar a proposta feita pelos dirigentes da A.P.E.A. Como a CBD não resolveu o assunto, por ocasião da reforma das suas leis, julgaram os dirigentes paulistas ver nisso uma desconsideração e resolveram que São Paulo não participaria. Assim, pela primeira vez, os paulistas estiveram ausentes do campeonato.
Em virtude da programação do Campeonato Brasileiro de Seleções e de vários jogos internacionais em 1929 (estiveram no Brasil o Rampla Juniors, do Uruguai, o Ferencvaros, da Hungria, o Chelsea, da Inglaterra, o Bologna, da Itália e o Vitória de Setúbal, de Portugal), a A.P.E.A. promoveu o seu campeonato da Divisão Principal deste ano em apenas um turno. A primeira rodada foi somente realizada em 12 de maio.
Pelo terceiro ano consecutivo, o Santos foi vice-campeão paulista. Feitiço voltou a ser artilheiro da competição, com 13 gols.
São Paulo voltou a disputar o Campeonato Brasileiro em 1929 e Feitiço voltou a marcar muitos gols. Foram 11 nos seis jogos que disputou, ficando com a segunda colocação entre os artilheiros (o carioca Russinho marcou 12).
Na final, realizada já em 1930, no dia 12 de janeiro, no Parque São Jorge, São Paulo goleou o Rio de Janeiro por 4 x 2, com um gol de Feitiço, e recuperou o título de campeão brasileiro.
O ano de 1930 foi excepcional para Feitiço. Marcou 37 gols no campeonato paulista, feito ainda inédito na história da competição. Antes dele, somente Friedenreich, em 1921, havia passado dos trinta gols em uma temporada: 33 gols. A excelente marca alcançada por Feitiço, no entanto, não permitiu ao Santos obter o título de campeão, ficando com a quarta colocação.
Não foi realizado o campeonato brasileiro em 1930. O Brasil inteiro passou por momentos de grande instabilidade política. A Revolução de 1930 foi um movimento político-militar que se difundiu por vários Estados, promovendo a derrubada de governadores e culminando com a deposição do Presidente Washington Luís pelas Forças Armadas.
Quando todos imaginavam que a marca do ano anterior ia demorar para ser quebrada, eis que Feitiço consegue a proeza de assinalar 39 gols no campeonato paulista de 1931. Esta marca somente seria ultrapassada por Pelé, em 1958, quando assinalou 58 gols.
O Santos ficou um ponto somente atrás do São Paulo, campeão paulista de 1931.
Seu bom momento o fez ser chamado para integrar a seleção brasileira que venceu a Copa Rio Branco no dia 6 de setembro de 1931, ao vencer por 2 x 0 os então campeões mundiais, os uruguaios.
A paz voltou a reinar em 1931 e foi possível o retorno do campeonato brasileiro de seleções, campeonato este que em 1931 foi marcado pela ausência de vários craques paulistas arrebatados por clubes italianos. Por outro lado, o ano foi dos mais prósperos para o futebol carioca. A perda de alguns craques foi recompensada com o surgimento de uma leva de craques provenientes dos subúrbios da cidade do Rio de Janeiro, tais como Domingos da Guia e Leônidas da Silva.
Atuando ao lado de Friedenreich, Feitiço marcou cinco gols no campeonato brasileiro de 1931. Isso não impediu que os cariocas recuperassem o título de campeão.
Sua partida de despedida do Santos foi no dia 2 de julho de 1932, contra a Portuguesa de Desportos, na vitória pelo placar de 5 x 1. Os gols foram de Feitiço, Logu (2), Mário e Victor.
Uma semana depois, o campeonato paulista de 1932 teve uma brusca parada por causa da Revolução Constitucionalista, eclodida na capital, a 9 de julho. Depois que cessaram as hostilidades, o campeonato voltou a ser disputado em 6 de novembro.
Quando começaram a falar que estava acabado para o futebol, eis que Feitiço ressurge no Peñarol, de Montevidéu, onde deslumbrou os uruguaios e foi celebrizado “Cabeza de Oro” nos três anos em que lá ficou.
Em seu primeiro ano de Uruguai, quase conquistou o título. Em 1933, Peñarol e Nacional terminaram o campeonato uruguaio com o mesmo número de pontos ganhos. Isso fez com que fosse necessária a realização de um “play-off” no Estádio Centenário para se conhecer o campeão daquele ano. Feitiço não jogou o primeiro jogo, em 27 de maio de 1934, e o placar ficou no 0 x 0. No segundo, em 2 de setembro de 1934, Feitiço jogou mas o placar novamente não foi mexido.
No terceiro e decisivo jogo, Feitiço não jogou novamente e o Nacional venceu por 3 x 2, conquistando o título uruguaio de 1933.
Em 1934, novamente o Peñarol ficou com a segunda colocação no campeonato uruguaio, três pontos atrás do maior rival, o Nacional.
O título de campeão uruguaio só pôde ser comemorado em 1935, dois pontos a frente do Nacional.
Depois de três temporadas no futebol do Uruguai, com quase 35 anos, Feitiço voltou ao Brasil, desembarcando no Rio de Janeiro para defender o Vasco da Gama. Logo na estréia marcou dois gols num amistoso em que o Vasco da Gama venceu o Botafogo por 3 x 0, em 14 de maio de 1936.
No Vasco da Gama, Feitiço continuou a mostrar a sua vocação para marcar gols, sendo destaque no título de campeão carioca de 1936, quando foi o artilheiro da equipe com nove gols, e inclusive marcando ambos os gols da vitória por 2 x 1 sobre o Madureira na decisão do campeonato, mesmo enfrentando a zaga chamada “o terror dos subúrbios”, formada por Cachimbo, o “Golias Negro” e Norival. Feitiço participou de 15 dos 16 jogos do Vasco da Gama.
Em 1936, pouco antes de completar 35 anos de idade, foi novamente convocado para defender a seleção carioca, que desta vez ficou em terceiro lugar. Marcou três gols na competição.
Sua última participação pelo campeonato brasileiro de seleções se deu no dia 21 de junho de 1936, em Porto Alegre, quando gaúchos e cariocas empataram em 2 x 2, sendo um dos gols cariocas marcado por Feitiço. Não mais jogaria por esse certame.
No ano da pacificação no futebol carioca, 1937, o Fluminense foi campeão. O Vasco da Gama ficou com a terceira colocação. Feitiço disputou poucos jogos como titular e marcou poucos gols: seis no total.
Seu último jogo com a camisa do Vasco da Gama foi bastante tumultuado. Em 19 de janeiro de 1938, nas Laranjeiras, o Flamengo goleou o Vasco da Gama por 5 x 1. Nada menos que sete jogadores do Vasco da Gama foram expulsos, um deles, Feitiço, por reclamação. O jogo não acabou antes da hora pois, naquela época, o jogador expulso podia ser substituído. Orlando entrou em seu lugar.
Ainda em 1938, mesmo já veterano, finalmente pôde defender o seu clube de coração, o Palestra Itália.
Sua estréia aconteceu na disputa pela Taça “Embaixatriz Logacomo”, em dois jogos contra o Corinthians. No primeiro, no Parque São Jorge, em 13 de maio, empate em 2 x 2. Feitiço substituiu Barrilote e não marcou. No segundo, no Parque Antarctica, efetivado pelo técnico uruguaio Ramón Platero como titular, marcou dois gols na goleada de 4 x 1.
Logo depois, o Palestra Itália conquistou o Torneio Extra (Taça Artur Tarantino). Feitiço marcou gols na vitória de 4 x 0 sobre o Ypiranga (um) e 3 x 0 São Paulo (um).
Na excursão que o Palmeiras realizou até o Ceará, entre novembro e dezembro de 1938, marcou três gols nos quatro jogos disputados.
No campeonato paulista, revezando entre o time titular e a reserva, o Palestra Itália acabou ficando na quarta colocação.
Em 1939, uma goleada de 6 x 0 para o São Paulo, ainda pelo campeonato paulista de 1938, dá início a uma verdadeira revolução. Veteranos como Jurandir, Tunga e Barrilote dão lugar a jovens como Gijo, Echevarrieta e Carlos. Mesmo com Feitiço disputando poucos jogos como titular e marcando poucos gols, o Palestra Itália sagrou-se vice-campeão paulista em 1939.
O último gol com a camisa do Palestra Itália foi marcado no dia 14 de dezembro de 1939, no Parque Antarctica, na goleada de 6 x 1 sobre o América, de Belo Horizonte (MG).
Sua despedida do Palestra Itália aconteceu no dia 3 de março de 1940, em Jundiaí (SP), no amistoso em que seu time venceu o Paulista local por 4 x 2.
No total, foram 55 jogos pelo Palestra Itália, com 28 gols marcados.
Ainda no ano de 1940, encerrou sua carreira no futebol, defendendo o São Cristóvão no campeonato carioca daquele ano. Chegou a marcar alguns gols (na derrota de 3 x 1 para o Fluminense, em 7 de julho, quando também foi expulso por “gestos descabidos”). Uma semana depois, nova derrota para o Vasco da Gama, por 2 x 1, marcando o gol do São Cristóvão, cobrando pênalti. No dia 1º de agosto, marcou o gol da vitória de 1 x 0 sobre o Bonsucesso.
Virou árbitro depois que pendurou as chuteiras, estreando em sua nova profissão no Campeonato Paulista de 1943.
O grande artilheiro Feitiço faleceu no dia 23 de agosto de 1985, junto aos amigos da Associação dos Veteranos, em São Paulo (SP).
Araken Patusca o definiu como o mais raçudo e valente centroavante que ele conheceu.
Marcou 414 gols em 18 anos de carreira.
No Santos, figura como quinto artilheiro de todos os tempos, superado somente por Pelé, Pepe, Coutinho e Toninho Guerreiro. Com 213 gols marcados em 151 partidas, ele é o jogador com a maior média de gols da história do Santos (1,41 por jogo).
Fontes:
1. Site do Santos Futebol Clube
2. Almanaque do Palmeiras
3. O Caminho da Bola 1902-1952
4. História dos Campeonatos Cariocas de Futebol 1906/2010
5. A História Ilustrada do Futebol Brasileiro – Quarto Volume