Total de visualizações de página

sábado, 4 de dezembro de 2010

VOL III - IPOJUCAN, UM ARTISTA DA BOLA

Ipojucan Lins de Araújo nasceu em Maceió, Alagoas, a 3 de junho de 1926. A grafia correta do seu nome era Ipujucan mas ficou conhecido como Ipojucan.
Um dos maiores meia-armador do futebol brasileiro (no tamanho, quase 1,90 de altura, e na qualidade), Ipojucan ficou famoso pelos passes de calcanhar, pelos gols de falta com seu chute poderoso e pelos lançamentos de grande distância.
“Comparável a Pelé só Ipojucan”. As palavras do radialista Luiz Mendes não são elogios exagerados para Ipojucan, que também ficou conhecido no mundo do futebol como “Malabarista”.
Segundo o falecido Servílio de Jesus Filho, o grande Servílio da Portuguesa de Desportos, do Palmeiras, Corinthians e da Seleção Brasileira, ninguém fazia com a bola o que Ipojucan conseguia. “Ele foi meu técnico nos juniores da Portuguesa e mesmo tendo conhecido e jogado com o gênio Ademir da Guia, digo sem medo de errar que Ipojucan foi o jogador mais hábil que vi na vida. E olha que ele já era aposentado, quando nos ensinava a tocar na bola”.
Logo cedo Ipojucan veio para o Rio de Janeiro e não demorou para ser descoberto pelos olheiros espalhados nas esquinas suburbanas.
Foi no bairro da Piedade que ele chamou a atenção de um dirigente do River, que o convidou a jogar por lá. Mas ele não ficou muito tempo na equipe e logo se transferiu para o Canto do Rio. Também não demorou muito no clube de Niterói e passou para a equipe juvenil do Vasco da Gama, para onde foi levado em 1942, com dezesseis anos. Ficou no juvenil até 1944, quando se profissionalizou.
Na década de 40, o Vasco da Gama apresentava uma equipe de fazer inveja, em que praticamente todos os jogadores tiveram, ou teriam, passagem pela Seleção Brasileira.
No ataque, posição onde Ipojucan deveria jogar, o Vasco da Gama tinha vários craques, tais como Ademir Menezes, Lelé, Jair Rosa Pinto, Friaça, Chico e outros. Isso fez com que sua estréia no time titular demorasse por um bom tempo.
O time do Vasco da Gama que Ipojucan encontrou era tão bom que nos próximos seis anos, somente em 1946 ele não foi campeão ou segundo colocado. Foi vice-campeão em 1944, alcançou o título de campeão em 1945, voltou a vencer em 1947, ficando em segundo em 1948 e continuou sobressaindo no futebol carioca com mais um título em 1949.
A tarefa de entrar num time desses era muito difícil.
Além dos títulos no Rio de Janeiro, no começo do ano de 1948, o Vasco da Gama venceu o Torneio de Clubes Campeões Sul-Americanos, no Chile. Ipojucan não acompanhou a delegação que disputou essa competição.
Mas sua primeira oportunidade no time de cima do Vasco da Gama acabaria acontecendo neste ano.
No dia 4 de agosto de 1948, em São Januário, Ipojucan jogou na ponta-esquerda na vitória de 2 x 0 sobre o América, válido pelo campeonato carioca.
Só voltaria a jogar pelo Vasco da Gama em 5 de dezembro de 1948, no estádio das Laranjeiras, quando seu clube venceu o Fluminense, por 2 x 0, marcando seu primeiro gol com a camisa cruzmaltina. Desta vez, ele atuou na posição que o consagraria posteriormente. Não deixou escapar essa oportunidade, tornando-se titular do grande time do Vasco da Gama a partir de então.
O Vasco da Gama sagrou-se campeão carioca invicto em 1949. Em 20 jogos, foram 18 vitórias e dois empates. Ipojucan disputou 16 jogos e marcou 12 gols.
1950 foi o ano de afirmação de Ipojucan.
Defendendo a Seleção Carioca conquistou o campeonato brasileiro. No dia 16 de março, em São Januário, marcou dois gols na vitória de 4 x 0 sobre São Paulo, vitória essa que daria o título aos cariocas (os outros dois jogos terminaram empatados).
Logo depois, participou dos treinamentos da Seleção Brasileira que disputou a Copa do Mundo de 1950.
Fechando o ano com chave de ouro, tornou-se bicampeão carioca pelo Vasco da Gama. Dos 20 jogos que o clube realizou, Ipojucan esteve em 14 deles, repetindo a dose de 1949 ao marcar 12 gols.
Teve grandes atuações em dois clássicos. No dia 26 de novembro de 1950, marcou três gols na vitória de 4 x 1 sobre o Flamengo. Repetiria a dose no dia 6 de janeiro de 1951, ao marcar outros três gols no jogo Vasco da Gama 4 x 0 Fluminense.
O Vasco da Gama não fez um bom campeonato carioca em 1951, terminando na quinta colocação. Ipojucan marcou apenas dois gols.
Ipojucan recuperaria-se no ano seguinte, ao ser peça fundamental na conquista do campeonato carioca de 1952, participando de 19 dos 20 jogos disputados pelo Vasco da Gama na competição, tendo marcado 8 gols.
Ainda em 1952 foi convocado para a Seleção Brasileira que conquistou o título pan-americano do Chile. Sua estréia aconteceu no dia 20 de abril de 1952, na vitória de 3 x 0 sobre o Chile.
Foi vice-campeão brasileiro com a seleção carioca, participando de apenas um jogo, justamente o último, no dia 8 de junho de 1952, no empate de 1 x 1 com São Paulo.
Ipojucan participou de cinco jogos pela Seleção Brasileira no ano de 1953, todos eles válidos pelo Campeonato Sul-Americano disputado em Lima, Peru. Marcou o seu único gol com a camisa da seleção brasileira no dia 15 de março de 1953, o da vitória de 1 x 0 sobre o Uruguai.
Com o Vasco da Gama voltaria a fazer uma má campanha no campeonato carioca de 1953: o clube chegou na quarta colocação.
Seu último gol marcado no campeonato carioca foi em 5 de dezembro de 1953, o do empate em 1 x 1 com o América.
Sua última partida oficial pelo Vasco da Gama aconteceu no dia 10 de janeiro de 1954, em jogo válido pelo campeonato carioca do ano anterior. O Vasco da Gama foi goleado pelo Flamengo, por 4 x 1.
Transferiu-se para a Portuguesa de Desportos em 1954, onde estreou oficialmente no dia 15 de agosto, na vitória de 2 x 1 sobre o Guarani, em jogo válido pelo campeonato paulista.
No ano seguinte, ajudou a Portuguesa de Desportos a conquistar novamente o Torneio Rio-São Paulo.
Na final, em dois jogos contra o Palmeiras, o primeiro terminou empatado em 2 x 2, no dia 29 de maio de 1955. O título veio no dia 5 de junho de 1955, na vitória de 2 x 0, com o segundo gol marcado por Ipojucan.
Nos dias 23 e 25 de agosto de 1955, a Seleção Paulista enfrentou, no estádio Centenário, em Montevidéu, um combinado de jogadores dos clubes Nacional e Peñarol, que sempre formaram a base da seleção do Uruguai. Ipojucan participou dos dois jogos.
A última vez de Ipojucan na Seleção Brasileira foi em 17 de novembro de 1955, no empate de 3 x 3 com o Paraguai, pela Copa Osvaldo Cruz, conquistada pelo Brasil. Antes, havia ajudado o Brasil a levantar a Taça Bernardo O'Higgins contra o Chile.
Portuguesa de Desportos e Ipojucan passaram os anos de 1956 e 1957 sem brilharem.
No ano de 1958, aconteceu o último jogo de Ipojucan na Portuguesa de Desportos: no dia 16 de novembro, pelo Campeonato Paulista, com derrota para o Corinthians por 3 x 1.
Na Portuguesa de Desportos foram 218 jogos (101 vitórias, 43 empates e 74 derrotas), tendo marcado 52 gols.
Em 1959, tentou a carreira de técnico, mas não se deu bem. Com a saúde abalada - sofreu inclusive um transplante de rim -, Ipojucan viveu momentos difíceis.
Em 1966, enquanto treinava o Noroeste, de Bauru (SP), Ipojucan passou a sofrer de nefrite, uma doença nos rins. Ficou internado mais de quatro anos, fazendo vários exames, até que sua irmã Iraci doou o rim para ele.
Em 1970, Ipojucan fez um dos primeiros transplantes de rins na América do Sul, no Hospital das Clínicas, em São Paulo. O resultado da cirurgia foi um sucesso.
Por volta de 1977, Ipojucan voltou a ficar doente, tendo tosses estranhas e muito cansaço.
No ano seguinte, ele voltou ao hospital devido a uma disritmia cardíaca. Um dia depois de o Brasil empatar com a Argentina em 0 x 0, pela Copa do Mundo daquele ano, Ipojucan faleceu em São Paulo, após uma parada cardio-respiratória.
Era o dia 19 de junho de 1978.
Eleito o melhor meia-direita do Vasco da Gama de todos os tempos, segundo pesquisa realizada pela revista esportiva Placar, entre jornalistas, dirigentes, jogadores e torcedores, no ano de 1982.
É o quarto maior artilheiro do Vasco da Gama, com 225 gols em 413 jogos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário