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terça-feira, 1 de março de 2011

Vol. IV - OG MOREIRA, O MAESTRO


Excelente centro-médio, posição que hoje corresponderia a de médio-volante, Og Moreira nasceu em Nova Friburgo (RJ), em 22 de outubro de 1917.
Tinha tanta classe em campo que recebeu o apelido de Toscanini, em homenagem ao maestro italiano Arturo Toscanini, pelo talento demonstrado com a bola nos pés.
Foi o primeiro negro a vestir a camisa do Palestra Itália, atual Palmeiras.
Nunca defendeu a Seleção Brasileira.
Começou no futebol em sua cidade natal e aos 16 anos, ainda juvenil, passou a integrar o time principal do Fluminense Atlético Clube, que se sagrou campeão de futebol de Nova Friburgo em 1933.
No ano de 1935, foi convocado para defender a Seleção do Estado do Rio de Janeiro (seleção fluminense). Disputou apenas um jogo no Campeonato Brasileiro de Seleções daquele ano. No dia 24 de março de 1935, no estádio General Severiano, na cidade do Rio de Janeiro, a seleção do Rio de Janeiro perdeu para a Bahia, por 5 x 4.
Logo depois, transferiu-se para o América, do Rio de Janeiro.
Faz sua estréia no América no dia 9 de junho, no empate de 1 x 1 com o Flamengo, em jogo válido pelo Torneio Aberto da Liga Carioca de Football, no campo do Fluminense. O América formou com Valter, Vital e Cachimbo; Oscarino, Og Moreira e Possato; Lindo, Clóvis, Carola, Jardel e Orlandinho. O Flamengo jogou com Germano, Carlos Alves e Marin; Alemão, Barbosa e Reinaldo; Sá, Beijinho, Alfredo, Nelson e Jarbas. Guilherme Gomes foi o árbitro. Carola marcou para o América e Sá para o Flamengo.
Neste ano de 1935, o América se tornaria campeão da Liga Carioca de Football, com Og Moreira completando 18 anos.
Og disputou todos os 15 jogos da campanha do América: foram 12 vitórias, 1 empate e duas derrotas, 50 gols a favor e 20 contra. Og marcou apenas um gol, na goleada de 7 x 2 sobre a Portuguesa, no dia 29 de setembro.
De 1936 a 1939, continuou no América, que foi 3º colocado em 1936 e 5º nos anos de 1937 a 1939. Atuando pela Seleção Carioca, sagrou-se bicampeão brasileiro nos anos de 1938 e 1939.
Em 1940, Og tinha a reputação de ser um dos maiores jogadores do Brasil e figura certa na seleção nacional que seria convocada para a disputa da Copa Roca (o que acabou não acontecendo). Crises e mais crises passam-se a suceder, numa seqüência e interminável, com notórios reflexos no prestígio do América.
Apesar de não pretender desfazer-se de seu mais eficiente jogador, tendo aceitado inclusive as altas exigências por ele apresentadas para a renovação do contrato. Eis, entretanto, que, depois de tudo acertado, Og deixa de lado a palavra empenhada e ainda no começo do campeonato carioca, transfere-se para o Racing, da Argentina.
A aventura durou pouco. Estreou no Campeonato Argentino de 1941, no dia 14 de abril, na goleada do Racing sobre o River Plate, por 6 x 3. Quando todos acharam que o time embalaria, vieram as derrotas seguidas e Og foi parar no banco. O campeonato acabou no dia 22 de dezembro e o Racing ficou com o quinto lugar, entre 18 clubes participantes. O Boca Juniors foi o campeão daquele ano.
Ano e meio mais tarde, regressava da Argentina, contratado pelo Fluminense.
Sua estréia no Fluminense aconteceu no dia 20 de abril de 1941, num amistoso no Estádio das Laranjeiras, 1 x 1 com o Flamengo (logo após a excursão que o Fluminense fez a Buenos Aires, Argentina).
Og Moreira estreou juntamente com Renganeschi.
O Fluminense jogou com Batatais, Norival e Renganeschi; Afonso, Og Moreira e Spinelli; Pedro Amorim, Russo, Rongo, Tim e Carreiro.
O Flamengo com Yustrich, Nilton e Volante; Pichim, Jaime e Médio; Sá, Zizinho, Hortênsio, Nadinho e Jarbas. Mário Vianna foi o árbitro do jogo, realizado no estádio das Laranjeiras.
O Fluminense foi campeão carioca após disputar 29 jogos (22 vitórias, 5 empates e duas derrotas). Og permaneceu mais tempo na reserva do que no time titular. Disputou apenas 4 jogos, tendo marcado um gol.
Insatisfeito, mudou para São Paulo, contratado pelo então Palestra Itália (atual Palmeiras). Sua estréia aconteceu em 4 de março de 1942, com derrota para a Portuguesa de Desportos, por 4 x 2, em um amistoso realizado no Parque Antarctica.
Formou o Palmeiras com Oberdan, Junqueira e Begliomini; Oliveira, Og Moreira e Del Nero; Cláudio, Waldemar Fiúme, Cabeção, Lima e Pipi.
A Portuguesa de Desportos atuou com Barqueta, Pepino e Ulisses; Mimi, Jota e Alberto; Genarino, Charuto, Luizinho, Arthur e Antoninho.
Ameleto Riciarelli foi o árbitro do jogo.
Sobre a estréia de Og no Palmeiras, a Folha da Manhã disse: “O centro-médio carioca (Og) que iniciara indeciso, gradativamente foi firmando o seu padrão de jogo, sem contudo atingir tudo de que é capaz, o que é natural, já que se trata de uma primeira apresentação”.
No dia 20 de setembro de 1942, o Palestra Itália sagraria-se campeão paulista ao vencer o São Paulo por 3 x 1, jogando no Estádio do Pacaembu.
No segundo tempo, Og Moreira teve decisiva participação no jogo. Aos 14 minutos, Og Moreira arriscou um chute de fora da área, que foi aproveitado por Echevarrieta, de cabeça, deslocando o goleiro Doutor, marcando o terceiro gol do Palestra.
Aos 19, Og controlava a bola na entrada da área, quando Virgilio lhe dá um carrinho violento. O árbitro Jayme Rodrigues Janeiro apita, marca o pênalti e aponta para fora do gramado, expulsando o zagueiro são-paulino. Há a intervenção de outros jogadores, permanecendo o jogo parado. É solicitada a intervenção da polícia. Luizinho conversa com seus companheiros e decidem abandonar o gramado. O árbitro espera pelo tempo regulamentar e como os jogadores do São Paulo não retornam ao campo, dá o jogo por encerrado.
O público foi de 45.913 torcedores, que viram o Palestra Itália campeão com Oberdan, Junqueira e Begliomini; Zezé Procópio, Og Moreira e Del Nero; Cláudio, Waldemar Fiúme, Echevarrieta, Villadoniga e Lima. O treinador era Del Debbio.
O São Paulo jogou com Doutor, Piolim e Virgílio; Lola, Noronha e Silva; Luizinho, Waldemar de Brito, Leônidas, Remo e Pardal.
No ano de 1943 foi vice-campeão brasileiro, atuando pela Seleção Paulista.
Consagrou-se novamente campeão paulista defendendo o Palmeiras em 1944. No mesmo ano, defendeu a Seleção Paulista no Brasileiro de Seleções, novamente ficando com a segunda colocação.
Defendeu o Palmeiras nos anos de 1945 e 1946, quando o clube não realizou boas campanhas, ficando com a terceira e a quinta colocações, respectivamente.
Em 1946, foi, de novo, vice-campeão do Brasileiro de Seleções, defendendo a Seleção Paulista.
Não mais como titular absoluto, sagrou-se novamente campeão paulista em 1947.
Pouca gente entendeu por que dois grandes valores do Palmeiras, Og Moreira e Lima, não vinham sendo aproveitados pelo técnico Osvaldo Brandão desde a temporada de 1947.
As coisas só começaram a clarear em 1948, quando se soube que Brandão havia denunciado Lima à diretoria do Palmeiras, acusando-o de haver “amolecido o jogo” contra o Corinthians, disputado no dia 23 de novembro e que Og Moreira fora o intermediário de uma transação excusa. Nada ficou provado mas, ainda assim, Brandão pediu rescisão do contrato.
O último jogo de Og Moreira no Palmeiras aconteceu em 22 de maio de 1949, em Tupã (SP): empate de 2 x 2 com o clube do mesmo nome.
No Palmeiras, Og Moreira fez um total de 197 jogos e marcou 27 gols. No mesmo ano de 1949, transferiu-se para o Nacional, da capital, onde fez sua estréia no dia 31 de julho, na derrota de 2 x 0 diante do Ypiranga. Foram poucos jogos com a camisa do Nacional e logo depois passou para o Juventus, onde encerrou sua carreira no ano de 1951.
Continuou no futebol, defendendo a equipe dos Veteranos Paulistas.
Desconhecemos a data de seu falecimento.

3 comentários:

  1. Caro José Ricardo,

    acho muito legal o trabalho que Você se propõe fazer.
    Também sou muito preocupado cm a memória do futebol que devemos preservar.
    Tenho duas observações a fazer sobre a matéria do Og Moreira, que foia única que li até agora.
    1 - O texto é muito grande. é bastante informativo, mas acredito que deveria ser um puco menor para fazilitar a leitura.
    2 - O Og foi apelidado de Toscaninho em homenagem, sim, ao maestro Arturo Toscanini. Só que esse maestro, italiano até à medula, não foi negro. Dê uma olhada nas fotos dele e corrija o texto.
    Grande abraço.

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  2. Caro Mário,

    Grato pelo comentário.
    Confesso que quando tive a idéia do blog foi justamente para tentar escrever sempre um pouco mais do que os vários almanaques de craques espalhados pelo mundo. Me deixava, e ainda deixa, impressionado com a frieza com que são tratados alguns craques, como se fossem um "jogadorzinho" qualquer de um time de fundo de quintal. Justamente por isso tenho encontrado muita dificuldade em pesquisar alguns jogadores, muitos deles com limitação de informações. Seguindo seu conselho, vou tentar ser mais contido no próximo craque.
    Grato pela dica em relação ao maestro Toscanini. Fui induzido ao erro por obras especializadas em Palmeiras. Certamente, farei a correção.
    Grande abraço.

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  3. Og Moreira , falecido em 1985 , era meu tio ( irmão de minha mãe ).Foi craque em seu tempo e conseguiu ser campeão carioca pelo América ( fato raríssimo ), primeiro jogador negro a vestir a camisa do Palmeiras.

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